Santander Cultural – Sala Multiuso Leste – Porto Alegre - 08 de agosto de 2015

CELPCYRO, uma boa ideia

                                                                                                                                                                                                                       Maria Helena Martins *

Temos procurado comemorar cada aniversário de Cyro Martins, nascido a 05 de agosto de 1908, como ele gostava – cercados de amigos. Assinalando, também, algo mais com relação à obra dele, pois nos interessa – como filhos e dirigentes do CELPCYRO- vê-la continuamente atualizada por novas leituras.

Desde que foi fundado, há 18 anos, o CELPCYRO em suas atividades ininterruptas, tem sido bem sucedido, norteado pela obra de Cyro Martins e abrindo perspectivas para pesquisas e criação a partir do que essa obra suscita. Ademais, o tanto que tem sido feito só acontece porque sempre contamos com amigos e colaboradores de qualidade especial, como vários dos aqui presentes, a quem somos muito gratos.

Aliás, esta comemoração me faz lembrar uma outra das tantas com que Cyro Martins foi brindado em seus aniversários, quando declarou:

(...) Estou entre amigos. Que maravilha ter amigos aos 84 anos de idade! Mas não estranho o fenômeno. Sempre tive amigos. Com eles aprendi mais do que nos colégios e na Faculdade. Os meus amigos foram e continuam sendo a minha escola de humanidade, eles me ajudaram a representar o meu papel no palco da vida. Nas horas amargas, foi sempre uma mão amiga que me trouxe à tona, que me fez voltar ’ao claro sol, amigo dos heróis’, cuja luminosidade anula o feitiço das bruxas e revigora o coração dos homens no regaço do amor.(...) ( cf. Discurso de Tira)

Aqui ressalto que nosso trabalho no CELPCYRO nunca buscou algo novidadoso. Até porque a obra de seu patrono segue o rastro da trajetória de Cyro Martins: sem arroubos, muitas vezes no quieto, mas deixando marcas naqueles que têm contato com ela.

Mais de uma vez, Cyro Martins me disse: “Durante toda a vida não temos mais que 2 ou 3 boas ideias. Importa é saber usá-las.” Conforme o tempo passa mais valorizo isso. E percebo que essas boas ideias não são as mais brilhantes, complexas ou mesmo simpáticas. No caso de Cyro Martins, não raro, elas beiram o óbvio , e logo passam a nos fazer estranhar as evidências, sendo plenas de humanismo. Algumas dessas ideias surgem nos contos de A Entrevista, assim como pontuam a desgraça de João Guedes e sua família, em Porteira Fechada, que inspirou o filme de Guilherme Castro, Boa Ventura.

Quanto a mim, se acaso cheguei a ter uma boa ideia ela está na criação do CELPCYRO. Ele se tornou o foco de minhas atividades profissionais tão logo amadureci a convicção – nada ufanista e com fundamento - de que a obra de Cyro Martins tem valor estético, literário e humanístico que a fará perdurar, merecendo reedições e estudos que a atualizem com o passar do tempo.

Por isso, muito me alegra recebê-los hoje , já antevendo um belo evento.

Muito obrigada a todos os presentes e, em especial, aos nossos Palestrantes.

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             *  Diretora de Cultura, Humanidades e Literatura do CELPCYRO