Na terra do Jarau, famoso cerro

Que em suas furnas abrigara a Encantada,

Princesa Moura, na lenda eternizada,

A Teiniaguá, castigada com o desterro,

Cerca das margens do calmo Garupá,

Que suas águas leva ao Quaraí,

Nasceu Cyro Martins, forte guri,

Que pela vida sua terra honrará.

Criado livre nas terras da fronteira,

Nas leis da tradição mais conseqüente,

Cedo aprendeu o valor do corpo e mente,

Forjando a alma, gaúcha e altaneira.

Estimulado no doce lar paterno,

Com o seu Bilo aprendeu a ver,

Valorizando o homem pelo Ser,

Pelo caráter firme, bom e terno.

De vivências que o tempo não dessora,

Na comunhão menino-natureza,

Criou relatos repletos de beleza

Publicados no livro Campo Fora.

E como esse, tantos escreveu,

Romances, contos, novelas - ficção,

E ensaios maduros - reflexão,

De quem quer repartir o que aprendeu.

Com narrativas de análise social

E a terapia da alma - sua paixão -,

Cyro entregou-nos o seu coração

De pioneiro solícito e cordial.

Homem de escol, Pastor da alma humana,

Marcou sua passagem pela Terra,

E sua obra, deixada como herança,

Em comunhão a todos nós irmana.

* Guaíba, madrugada e manhã de 15 de janeiro de 2008 - Ano do Centenário de Nascimento de Cyro Martins.

** José Édil de Lima Alves é professor de Literatura (ULBRA) e escritor