Para inovar, a solução está no pensar! |
Gilvan Azevedo
Se perguntássemos em alguma empresa se há inovação lá, praticamente todas diriam que sim. O termo é usado a torto e a direito e isto parece ser um modo de mostrar que estão na vanguarda, seja lá do que for: da tecnologia, dos serviços ou de qualquer segmento de produtos. Existe até “dia da inovação”. Ocorre, porém, que tudo isso nem sempre significa que a empresa esteja realmente inovando em alguma coisa. Embora o termo possa transparecer uma transformação gigante, o progresso sendo descrito volta e meia é mínimo. Como outros termos bem populares em tempos idos, a inovação corre o risco de virar um clichê. Se é que já não virou. Às vezes, percebemos em alguns profissionais e executivos mesmo uma certa fadiga com o uso indiscriminado do termo “Inovação”. Eles nos relatam escutar o termo sendo usado como se a inovação acontecesse a qualquer momento e em cada esquina. Seria como se a inovação tivesse passado a significar, para muitos profissionais e empresas, qualquer coisa “legal” ou alguma mudança, mesmo que superficial, no estado das coisas. Talvez valesse a pena lembrar que toda inovação contempla alguma mudança, mas nem toda mudança significa inovação. A definição do termo varia muito dependendo do modelo e do estado mental de quem estiver falando. Para alguns, significa inventar algo que não existia antes. Para outros, significa transformar um produto em outro. Para outros ainda, é levar um produto já existente a outro público. Certas empresas até apontam um diretor de inovação, mesmo que admitam que ainda não há uma estratégia de inovação clara que justifique o posto. E organizações inovadoras não acontecem por acaso. Elas são o produto final de uma boa liderança e gestão, além de outros elementos como a cultura, os processos e as pessoas. A essência reside em navegar de forma produtiva e eficaz entre liberdade e ordem, entre a anatomia das partes e a integridade do todo. Um dos maiores obstáculos à inovação é o desejo das empresas de estarem certas sobre os custos, tamanho de mercado, receitas, lucros, e outras medidas quantitativas, que não podem ser conhecidos quando uma ideia é nova. Ironicamente, parece não haver obstáculo para investir em negócios que estão morrendo, estratégias decadentes e mercados que estão encolhendo, os quais podem ser vistos sem necessidade de uma bola de cristal.
Em geral, podemos identificar tipos diferentes de inovação e isto depende da “ambição” estratégica da empresa. A inovação é um imperativo para o crescimento e um ingrediente indispensável para um sucesso sustentado, mas ela não “aparece” por geração espontânea ou através de exortações do tipo “vamos ser mais criativos!”. Nestes tempos em que vemos então diversas empresas tentando, de formas distintas, criar e/ou manter uma cultura de inovação, percebemos em maior ou menor grau a necessidade de desenvolver nos indivíduos e nas equipes as atitudes necessárias para ampliar as chances de gerar as inovações tão desejadas. Um bom investimento em inovação é, portanto, desenvolver ou refinar os recursos do pensar. O aprendizado desse processo está no cerne da gestão da inovação, para a qual, além do investimento em P&D e em outras áreas, se necessita criar, desenvolver e manter uma ecologia que gere procedimentos e atitudes ampliados e elásticos, tais como a capacidade de esquecer, a vontade de destruir e repensar (ao invés de apenas “mudar” de maneira incremental), a busca de originalidade, o entendimento sistêmico, a criação de possibilidades humanas, a sensibilização pessoal para o design, a beleza e os detalhes, a obsessão com a excelência e a “primeira linha”, a aversão à tolice das regras, a inquietação excitante, a tensão criativa enfim. O grande desafio para as empresas e para quem trabalha com inovação é, assim, como “internalizar” tais atitudes e pensamentos, algo que só se viabiliza através do aprendizado do processo que os gera. Isto sem falar em uma liderança decidida, que não aceite as costumeiras desculpas de pés mancos para justificar o mais do mesmo, já que a “força da gravidade” corporativa e os “sistemas imunológicos” de grupamentos humanos são duas ameaças a esse processo. Transformar os insights em novas oportunidades de negócio é um passo crucial, assim como a criação de um roteiro estratégico para o futuro. A nossa experiência e as reações positivas dos clientes com os quais temos atuado utilizando a Metodologia do Insight Pragmático® nos indicam que as atitudes podem ser trabalhadas através da prática de metodologias de resolução criativa de desafios como a M.I.P.®, cuja aplicação pode ser feita em diversos campos de mudança, como coaching, projetos de transformações culturais, estratégia e inovação. ------------ |