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Sobrevivente do Holocausto inspira obra do psiquiatra Fabio Brodacz | Imprimir |  E-mail
Fronteiras Culturais - Outras Fronteiras
                                                                                     Betina Mariante Cardoso*

 capa livro Fábio LIVRO ~1

  

           Contar, escutar, traduzir. São esses os principais verbos que deram origem ao livro Da guerra ao porto alegre- Memórias de Simcha Brodacz, escrito pelo médico psiquiatra Fábio Brodacz. Simcha é sobrevivente do holocausto, Fábio é seu filho. Simcha contou para Fábio suas histórias de vida, da guerra ao seu porto, o porto alegre, onde criou raízes. Em Porto Alegre, fez casa, família, trabalho. Raízes. Fábio escutou Simcha em encontros combinados, imbuído do desejo de transformar esta escuta em relatos sobre o percurso de seu pai. E então, Fábio traduziu, em palavra escrita, dores, perdas, trajetos, superações, alegrias, encontros, resiliência. Fábio seguiu a linha de tempo de Simcha através de ferramenta tão presente em sua atividade como psiquiatra, a escuta: o resultado foi a tradução das vivências em textos que tramam memórias e licenças poéticas.

Um filho ouviu a história de seu pai. Daí a achar a sua própria num livro fascinante foi um passo.”, registra o médico psiquiatra e escritor Celso Gutfreind, ao prefaciar a obra do colega e amigo. O escritor, candidato a patrono da Feira do Livro de Porto Alegre, apresentará Da guerra ao porto alegre em seu lançamento, dia 01 de outubro de 2013, às 19:30, na Livraria Cultura do Bourbon Country, em Porto Alegre.

Ao receber os originais para avaliação, tocou-me refletir sobre seu conteúdo e sobre sua forma, mas algo transbordou para além destes pontos: a força do processo de criação do livro. O pai que conta ao filho sua história de sobrevivência à guerra, o pai que conta ao filho sua instalação em um outro país, em uma outra cidade, o pai que conta ao filho a formação de sua família nesta nova cidade. E então o filho torna-se personagem da história do pai. E o pai torna-se narrador de sua história para o filho, que a escuta, a traduz, a molda em prosa e poesia. O filho torna-se, pois, narrador da história do pai.

Fábio, o filho, conta a história de Simcha, o pai, em um tecido de lembranças e de imaginação, no ano em que o primeiro celebra seus 40 anos e o segundo seus 80. Temos, aqui, 120 anos de histórias entrelaçadas.  

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*Betina Mariante Cardoso- Editora da Casa Editorial Luminara