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TRADIÇÃO, TRANSFORMAÇÃO E RENOVAÇÃO NA LITERATURA | Imprimir |  E-mail

Vista desde as suas primeiras manifestações, a literatura do Rio Grande do Sul apresenta traços particulares que permitem identificar o caráter fronteiriço em grande parte de sua ficção. Mais do que documento de transformações sociais, a ficção das fronteiras do Brasil-sul espelha uma continuidade temática na qual a tradição reiterada, saudosista, reacionária e heróica, convive com a visão do sofrimento pela indefinição da origem. Condição essencial do ser fronteiriço, o sofrimento humano encontra nos arquivos, brasileiros e platinos, motivações decorrentes de sua natureza arbitrária e transitória.

Nos desvãos dessa memória coletiva, o tema da violência é dominante. Nas narrativas de Alcides Maya, Cyro Martins e Sergio Faraco, a violência adquire conotações próprias, buscando reproduzir, no texto literário, sua força performática perdida na mediação entre o fato verbal, vivido e imaginado, e sua expressão literária. Se a literatura existe para dar voz e para nomear, coube a cada um desses escritores representar as múltiplas vozes que compõem o lado sombrio dos nossos imaginários regionais.


Lea Masina
Universidade Federal do Rio